Trabalho infantil e o ECA
É muito complicado falar das crianças na sociedade atual, onde os valores
estão bem destorcidos.
Hoje é visto
crianças trabalhando em televisão, rádio, campanhas publicitárias, etc.
E algumas pessoas acham lindo, outros criticam.
Existem pessoas que realmente exploram crianças
para ganhar dinheiro a custas delas; algumas dizem que está na moda, que não
vai afetar em nada quando o trabalho é na mídia, enquanto outras as colocam no
trabalho para ajudar a família e educá-las no contexto familiar e isto também é
visto com maus olhos. Por um filho para varrer a casa, lavar sua roupa, seu
prato ou secar a louça, limpar seu tênis, eram tarefas comuns antigamente;
aproximava a criança das funções familiares, das responsabilidades de cada um,
hoje é exploração. Colocar uma filha para concorrer a concursos de beleza aos 7
anos com exaustivas 6 ou 7 horas de dedicação, treino, fotos, e afins; o que é?
Desviar seu filho das aulas e convívio familiar para se tornar cantor (a), ou
fazer books fotográficos para empresas, para comerciais, isto sim pode?
Tornar uma
criança consumista, viciada em beleza, neurótica com a alimentação e higiene,
traz quais benefícios a ela?
Segundo Freud,
é na infância que se constrói o adulto bem resolvido, ou o adulto cheio de
traumas e transtornos psicossomáticos, a criança precisa sanar todas as fases
da infância, sua evolução natural, as fases oral, anal, fálica, reconhecer seu crescimento
e suas mudanças , mas quando aceleramos este processo, acabamos por pular fases
e deixar estas lacunas na vida desta criança trará consequências em algum
momento de sua vida. Chegamos então ao ponto, que considero um dos mais
críticos da evolução, a adolescência, quando o jovem trás a tona todas suas
angústias, traumas e danos causados na infância.
O nosso jovem
atual vive em constantes conflitos sociais, participa de ações coletivas de
desordem, destruição de patrimônios públicos, vandalismos, muitas agressões
gratuitas, muitos atos indevidos para com os outros e até apara consigo mesmo,
várias transgressões que os pais não sabem lidar e muitas vezes dizem nem saber
o porquê.
No nosso país
criou-se o ECA, um estatuto para proteger as crianças e adolescentes, mas a
forma como este foi apresentado a sociedade e recebido por muitos foi
desastrosa em muitos sentidos. Não tem subsídios necessários para se fazer
cumprir tudo que é requisitado no estatuto. Muitos não tem o conhecimento e
discernimento necessário para tratar os casos decorrentes das distorções de
compreensão do estatuto.
A criança e adolescente tem direitos, mas quem
os cumpre?
Quando esta
criança tem família se cobra desta família e quando não tem, o governo deveria
assumir as rédeas, mas não o faz.
Exemplo: uma criança tem o direito de estudar
e de ter horas de lazer, portanto não pode trabalhar, nem com os pais na
lavoura, mas o governo não tem como manter esta criança sendo atendida nestas
horas, ditas, de lazer, não se tem suporte para cuidar de tantas crianças e
adolescentes nestas horas. Nem escolas
infantis para os berçários, maternais, e jardins de infância. O que ocorre: Esta criança não fica com seus
pais no ambiente de trabalho, mas pode ficar na rua exposta as drogas e a
marginalidade. Acredito que a criança tem o direito a infância e isso não deva
ser tirado dela, mas sem ser explorada, é melhor estar na lavoura
aprendendo de onde vem seu sustento do que ficar na rua se drogando,
traficando, roubando, adentrando no mundo do sexo muito cedo e
desordenadamente. O jovem não tem ambientes, suficientes para tantos, preparados próprios para o período da vida em
que estão.
A
sociedade vive um momento confuso e egocêntrico, onde se pensa muito em si
próprio, no bem pessoal, no consumo exagerado, no prazer desproporcional e
incondicional, e não em uma estruturação social geral; família, governo e país.
Onde vamos parar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário