quinta-feira, 3 de dezembro de 2015


Trabalho infantil e o ECA




                É muito complicado falar  das crianças na sociedade atual, onde os valores estão bem destorcidos. 
Hoje é visto crianças trabalhando em televisão, rádio, campanhas publicitárias, etc.
 E algumas pessoas acham lindo, outros criticam.
 Existem pessoas que realmente exploram crianças para ganhar dinheiro a custas delas; algumas dizem que está na moda, que não vai afetar em nada quando o trabalho é na mídia, enquanto outras as colocam no trabalho para ajudar a família e educá-las no contexto familiar e isto também é visto com maus olhos. Por um filho para varrer a casa, lavar sua roupa, seu prato ou secar a louça, limpar seu tênis, eram tarefas comuns antigamente; aproximava a criança das funções familiares, das responsabilidades de cada um, hoje é exploração. Colocar uma filha para concorrer a concursos de beleza aos 7 anos com exaustivas 6 ou 7 horas de dedicação, treino, fotos, e afins; o que é? Desviar seu filho das aulas e convívio familiar para se tornar cantor (a), ou fazer books fotográficos para empresas, para comerciais, isto sim pode?
Tornar uma criança consumista, viciada em beleza, neurótica com a alimentação e higiene, traz quais benefícios a ela?
Segundo Freud, é na infância que se constrói o adulto bem resolvido, ou o adulto cheio de traumas e transtornos psicossomáticos, a criança precisa sanar todas as fases da infância, sua evolução natural, as fases oral, anal, fálica, reconhecer seu crescimento e suas mudanças , mas quando aceleramos este processo, acabamos por pular fases e deixar estas lacunas na vida desta criança trará consequências em algum momento de sua vida. Chegamos então ao ponto, que considero um dos mais críticos da evolução, a adolescência, quando o jovem trás a tona todas suas angústias, traumas e danos causados na infância.
O nosso jovem atual vive em constantes conflitos sociais, participa de ações coletivas de desordem, destruição de patrimônios públicos, vandalismos, muitas agressões gratuitas, muitos atos indevidos para com os outros e até apara consigo mesmo, várias transgressões que os pais não sabem lidar e muitas vezes dizem nem saber o porquê.
No nosso país criou-se o ECA, um estatuto para proteger as crianças e adolescentes, mas a forma como este foi apresentado a sociedade e recebido por muitos foi desastrosa em muitos sentidos. Não tem subsídios necessários para se fazer cumprir tudo que é requisitado no estatuto. Muitos não tem o conhecimento e discernimento necessário para tratar os casos decorrentes das distorções de compreensão do estatuto.
 A criança e adolescente tem direitos, mas quem os cumpre?
Quando esta criança tem família se cobra desta família e quando não tem, o governo deveria assumir as rédeas, mas não o faz.
 Exemplo: uma criança tem o direito de estudar e de ter horas de lazer, portanto não pode trabalhar, nem com os pais na lavoura, mas o governo não tem como manter esta criança sendo atendida nestas horas, ditas, de lazer, não se tem suporte para cuidar de tantas crianças e adolescentes nestas horas.  Nem escolas infantis para os berçários, maternais, e jardins de infância.  O que ocorre: Esta criança não fica com seus pais no ambiente de trabalho, mas pode ficar na rua exposta as drogas e a marginalidade. Acredito que a criança tem o direito a infância e isso não deva ser tirado dela, mas sem ser explorada, é melhor  estar na lavoura aprendendo de onde vem seu sustento do que ficar na rua se drogando, traficando, roubando, adentrando no mundo do sexo muito cedo e desordenadamente. O jovem não tem ambientes, suficientes para tantos,  preparados próprios para o período da vida em que estão.
                A sociedade vive um momento confuso e egocêntrico, onde se pensa muito em si próprio, no bem pessoal, no consumo exagerado, no prazer desproporcional e incondicional, e não em uma estruturação social geral; família, governo e país.

Onde vamos parar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário