quarta-feira, 9 de novembro de 2016

As pessoas e suas concepções de espaço




Começo me colocando no lugar de muitos “perdidos”, como os que conheço. Compreendo perfeitamente a incapacidade “temporária” de se localizar no tempo e espaço, o que faz parte de nossas vidas inevitavelmente.

Já em casa deveria ser apresentado a criança as noções básicas de tempo e espaço; onde é seu quarto, onde é a cozinha, onde você mora, em qual rua e a qual bairro essa rua pertence; são detalhes pequenos mas que ensina a criança a se localizar no espaço; dizer-lhe quando é seu aniversário e quantos anos tem,quanto tempo demora para o próximo ano, a localiza no tempo. Na escola, deveria ser dada continuidade nestas atividades de relação para que estas crescessem com este conhecimento inserido no seu contexto cotidiano, mas infelizmente, nossa atual realidade nos impossibilita pois nem mesmo os pais se localizam corretamente.

Ouço diariamente relatos de pais dizendo vou à cidade TAL....quando querem dizer que vão ao centro da mesma cidade que estão, mas por estarem na periferia da cidade não reconhecem que estão na mesma, e quando questionados dizem o nome do bairro e sorriem. Falar em bairro é outro tema que os desconcerta, pois, o que é bairro? Para estes o bairro é uma mini cidade muito próxima da que irão.

E assim ocorre com outros vários temas relacionados: como a cidade é dividida? Como é selecionado quais pessoas ficarão em qual posto de saúde ou em qual escola? O que é zoneamento? Por que tem mais comercio aqui do que ali, ou mais ônibus?
Quando na escola questionamos quais os comércios existentes na sua cidade, a criança se perde pois não sabe que espaço contempla a “cidade”.

O ensino cartográfico é visto por muitas professoras como desnecessário, inoportuno, difícil, complicado. Muitas não tem conhecimento necessário para trabalhar tais questões e sentem-se inseguras para tal. O ensino de geografia e história, ao meu ver, sempre foi posto de forma muito chata, desagradável, e hoje estas professoras são de uma geração que possui pouco ou quase nada desses conhecimentos e acrescento a falta de vontade em adquiri-los.

E o que parece estar aqui para nos ajudar muitas vezes se torna o vilão, nos fazendo crer que aprender a se localizar e a cartografia não é mais necessário; pois agora temos as ferramentas de uso comum: maps, google earth, waze, tem GPS que as pessoas possuem nos carros e celulares. Estas ferramentas fizeram com que nos acostumássemos a sempre recorrer a elas e não ser necessário pensar, pessoas que pouco trabalharam este quesito no ensino fundamental, hoje se perdem por pouco; meu caso, posso ir ao mesmo endereço três ou quatro vezes e não sei voltar.


A tecnologia veio para nos auxiliar em muitas coisas, facilita nos localizarmos, saber distancias e reconhecer os espaços mas se não for bem empregada pelos professores acaba por facilitar demais e nos torna ignorantes geográficos. Informações que antes eram banais agora são consideradas super difíceis. O trabalho em sala de aula de reconhecer seu espaço de moradia, seu percurso escolar e arredores de casa faz muita diferença em sua aprendizagem, estimula compreensões que exercerão influencia em diversas áreas de sua vida, exemplo: tirar a carteira de motorista, temos que saber direita, esquerda, norte, sul, leste, oeste, distancias, etc...

Para a criança é fácil brincar de maquete, fazer cidadezinhas, então porque não brincar aprendendo?
As crianças adoram brincar na internet, por que não “jogar” com elas, mostrando localização dos amigos, companheiros, inimigos? Fazendo assim compreenderem que noções de espaço são necessárias em vários momentos e podem aprender brincando.





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