domingo, 29 de maio de 2016

Os cuidados vocais


                    Um dos males, que mais aflige os professores, é o problema com a voz.  Muitos professores ficam afônicos, outros com dor de garganta, desenvolvem laringites constantes, e alguns desenvolvem até câncer nas pregas vocais. Muitos destes problemas de saúde dos professores são causados por falta de conhecimento, por desatenção no cuidado com a voz, por falta de procurar um profissional que lhes transmita a forma correta de usar a voz, exemplo: um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista.


Os professores aceitam o fato como se fosse algo natural, isto mostra a falta de informação e como os problemas poderiam ser minimizados ou até evitados, caso esses profissionais tivessem acesso a políticas preventivas, seja na esfera pública ou privada.
De acordo com o trabalho realizado pelo SIMPRO SP com o objetivo de construir soluções que garantam a proteção do professor, o SINPRO-SP e o Centro de Estudos da Voz (CEV) se empenharam em um estudo que envolveu mais de 30 fonoaudiólogos de todo o país. O Panorama epidemiológico sobre a voz do professor no Brasil reproduz pesquisa desenvolvida na Universidade de Utah, nos Estados Unidos, com o propósito de verificar a prevalência de problemas de voz no público docente.
Estes problemas de voz nos permite perceber antecipadamente que este professor  terá dificuldades no seu futuro profissional, talvez até tendo que se afastar de sua profissão.



“Um problema de voz reflete muito mais que uma simples dificuldade na produção do som básico para a fala, podendo chegar a interferir na própria habilidade de se comunicar, o que foi reconhecido por quase o dobro da porcentagem de professores (63,1%) quando comparado com a população em geral (35,3%). Assim, a comunicação, como um todo, dos professores com seus alunos e com seus colegas fica comprometida quando se tem um problema de voz, prejudicando seu rendimento e aumentando a insatisfação profissional. Os professores ainda relataram que questões vocais limitaram suas habilidades de realizar as tarefas de trabalho corretamente (30,3%), seis vezes mais que o grupo da população em geral (5,4%).”

“Foram coletados dados de 1651 professores da rede básica de ensino 1614 pessoas da população em geral”.
http://www.sinprosp.org.br/arquivos/voz/voz_digital.pdf


A auto-estima do professor




Nos dias atuais poucos professores reconhecem sua real importância para a formação de nossa sociedade. São tantas as imposições colocadas nas costas dos professores que estes não sentem o quão necessários são para nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos e por tanto precisam cuidar de si próprios.
Cuidar da saúde mental e física para terem uma vida saudável e condições de executarem boas aulas, mais produtivas e menos desgastantes, é fundamental na vida cotidiana dos professores. Infelizmente, a carga horária extensa e a necessidade de mais turnos de trabalho, para aumentar seus proventos e suprir suas despesas, fazem com que estes não tenham tempo disponível para dedicarem-se a sua própria saúde; seja fazendo exercícios físicos ou tratamento fonoaudiológico, ou mesmo atividades de lazer.
Existem diversos outros fatores que ajudam a piorar a situação como o desrespeito dos alunos e pais, a agressividade, a violência, a difícil situação das escolas e o desrespeito dos governos.
A atual situação política e social de nosso país não está auxiliando em nada na auto-estima dos professores que se sentem, cada dia, mais desvalorizados e desgastados; são tratados por muitos como insignificantes e até como pessoas que querem receber sem trabalhar. Muitas são as ofensas escutadas pelos professores durante uma greve ou paralisação, por exemplo; poucos compreendem o porquê de tal movimento.
Tudo isso está gerando uma doença pouco conhecida pela sociedade, a síndrome de Burnout; desconhecida até por muitos profissionais da área médica e da área da educação.

“Quase 50% dos professores brasileiros apresentam sintomas de estresse ou depressão. Os mais jovens são os que têm mais dificuldade para lidar com os problemas da profissão; muitos optam por abandonar o ofício”.

“A Universidade de Brasília (UnB) realizou, a partir de um acordo com a Confederação c Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), uma grande pesquisa nacional no final da década passada sobre o burnout com 52 mil trabalhadores em 1.440 escolas. Esse trabalho foi publicado no livro Educação: Carinho e Trabalho (Editora Vozes, 434 páginas). Os resultados mostraram que 48% dos entrevistados apresentavam algum sintoma da síndrome.