Minhas memórias...
Sou a prof. Godoy; é assim
que todos me chamam nestes últimos 17 anos, lecionando. Professora Maristela M.
de Godoy.
Quando
pequena, eu quis ser varias coisas, todas ao mesmo tempo claro, veterinária
para cuidar dos bichinhos, médica para cuidar das pessoas, agrônoma para poder
mexer na terra e plantar tudo que eu gostava de comer, mas como filha de uma família do interior e muito
tradicional, o que queriam que eu aprendesse mesmo era a cuidar da casa, dos
filhos e, claro, do marido; então aprendi a cozinhar, costurar, bordar, lavar,
passar; enfim tudo que uma esposa devia saber.
Os anos passaram e a
rebeldia da adolescência tomou conta de mim e decidi que eu não iria ser dona
de casa e sim, trabalharia fora, que em mim ninguém mandaria, eu é que mandaria
nos outros, por fim uni este desejo com outro que sempre tive, que era lidar
com crianças. Eu mesma nos meus 14 anos, me matriculei no Instituto de Educação
General Flores da Cunha, e comecei meus quatro anos e meio de curso.
Adorei. Fui para o estagio com uma turminha de
4º série, na escola estadual Edgar Luis Shinaider, onde consegui aplicar meus
conhecimentos pedagógicos e psicológicos com os alunos , as aulas eram
maravilhosas, então após o término do estágio e curso, me formei.
Fiz o concurso de Alvorada e
passei. Foi minha realização, então assumi na EMEF Frederico Dihl, três turmas 4º
séries, e o meu mundo caiu.
Diante
de três turmas com alunos que variavam entre 9 e 15 anos, alguns que bebiam,
fumavam, usavam drogas, e falavam obscenidades durante as aulas, famílias
totalmente desestruturadas,eu me desiludi com o magistério, pensei: Como lidar
com algo que não me ensinaram na escola?
Mas
o amor pelas crianças me fez perseverar, me dediquei em conhecê-los, em
descobrir seus porquês, assim conheci toda a comunidade e todos me conheceram.
Percebi a grande necessidade de aproximar a teoria à prática, que buscar conhecimentos
era extremamente necessário. Aprendi muito sobre as dificuldades da vida que
levam as pessoas a seguirem rumos totalmente estranhos e absurdos e a
reconhecer a dedicação e o amor fraternal entre as pessoas, por mais humildes que sejam.
Depois
de quase 8 anos lecionando dedicadíssima exclusivamente aos meus alunos,
conheci meu marido, casei, tive três lindos filhos, Henrik(6), Miguel(4) e
Gustavo(1).
Hoje me desdobro em cuidar da casa, do marido,
dos filhos, trabalhar 40h e cursar a faculdade. Tentei por várias vezes
concluir a graduação, comecei letras, por 2 vezes na ULBRA, mas sempre surgiam
intempéries que me faziam parar tudo; mas agora é diferente, pois com a vida um
pouco mais organizada, e com mais maturidade vou concluir este curso que é um
orgulho estar cursando na UFRGS .
Sinto
muitas dificuldades em me concentrar nas atividades, em mexer nestas novas
plataformas, mas aos poucos vou dominando e seguindo em frente; acredito estar
um pouco atrasada e perdida mas espero poder compensar.
A
diferente forma de avaliação também assusta um pouco, porque fico postando
atividades e sinto a necessidade do retorno, do certo ou errado dos professores,
fico pensando o que mais deveria fazer em relação as atividades para
melhorá-las. Não possuo um vocabulário tão rico e culto como vejo nos trabalhos
de algumas colegas, sou mais simples e sucinta e não sei se isto irá atrapalhar
o desenvolver dos trabalhos.
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